Ivo Crifar
As palavras são minhas companheiras no caminho
Textos
Meu grito
 
Eu tenho um grito preso na garganta. Uma dor na alma, que sufoca, que parece me matar aos poucos. Preciso muito me livrar desse grito. Mas o grito é como uma canção, às vezes, triste ou alegre, às vezes de dor ou emoção. O pior é quando só se consegue gritar em silêncio, porque eu nunca aprendi a expressar a minha dor. Nessas horas, a minha melhor companhia é a solidão, e o desejo de estar só, no meio do nada, me domina. Longe dos meus algozes, quem sabe eu lute contra a minha culpa e vença meus medos. Quem sabe alguém seja capaz de me ouvir? Quem sabe encontre alguém disposto a considerar os meus argumentos. Estou pronto a reconhecer os meus erros, mas me nego a me condenar, principalmente, sem merecimento. Meu pensamento me acusa. Meu coração levanta-se em minha defesa. Quem dera eu pudesse me transportar para o deserto, eu não não correria o perigo desse grito explodir dentro de mim.

Não é um grito de raiva, nem de desespero. É uma de dor silênciosa que machuca sem doer, apenas magoa, mareja os olhos e deixa escapar uma única lágrima, tão solitária quanto a minha dor.

Meu grito se perde no silêncio e eu tento repousar na brisa dos meus pensamentos para permanecer sóbrio e não me permitir uma reação adversa.

Meu grito vai continuar inaldivel, minhas lágrimas serão contidas. Estou só, e não por isso que tenha que chorar, nem implodir. Afinal, se eu gritar ou deixar de gritar, se doer ou deixar de doer, quem vai se importar com a minha dor?
Minha minha dor não será finita, nem meu grito será publico... como este texto.

 
Ivo Crifar
Enviado por Ivo Crifar em 30/04/2018
Alterado em 03/11/2018
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